Um bordado corresponde a uma técnica decorativa em que um suporte, geralmente de natureza têxtil, serve de base à aposição de fios, os quais são trabalhados e aí introduzidos mediante o auxílio de uma agulha. Ao contrário das rendas, que correspondem à realização de um novo tecido, o bordado exige a preexistência dessa base que se pretende enfeitar e valorizar.
Até ao século XVI, as oficinas de bordado eram, por toda a Europa, quase exclusivamente constituídas por homens, pois que se tratava de bordar - com materiais muito ricos, como ouro, seda ou a prata, sobre tecidos raros e dispendiosos - as vestes sumptuárias da mais alta hierarquia da nobreza e do clero, o que exigia crédito e capitais. A situação começou a mudar, talvez ainda pelo final do século XV e as técnicas utilizadas pelos brosladores começaram a difundir-se pelos interiores domésticos, transpondo para o trabalho com fio de linho, e para as mulheres, as técnicas que até então só se encontravam naquelas oficinas.
No entanto, até àquela época, a única técnica que hoje também se integra no vasto domínio do chamado bordado a branco é um trabalho que aparece em várias toalhas de altar, decoradas com base em desfiados e crivos passajados, encontradas na Suíça e Alemanha do Sul, alguns exemplares datando ainda do século XIII, o chamado Opus Teutonicum (7).
É que, por vezes, num bordado é tão ou mais importante o que se lhe junta, como aquilo que se lhe retira, e é neste princípio que se fundamenta o esforço da produção de crivos. As bordadeiras de Terra de Sousa, mais uma vez fazem jus à sua diligente habilidade e os crivos constituem mais um conjunto de técnicas que dominam na perfeição.
(7) Schuette, Marie e Muller-Christiensen, Sigrid, La Broderie, pág. 18 e 19, 34 e 35. Ed. Albert Morancé, Paris, 196?